Que bom seria não ter que se preocupar com o amanhã.
Seria muito bom não ter que se lembrar de compromissos e pagamentos inadiáveis. Viajar por um mundo de sonhos sem se preocupar com a hora de acordar e enfrentar a fera chamada realidade.
Mas...
Essa fera não nos deixa um segundo sequer: está sempre ali a dizer-nos o que é certo e o que é errado; É preciso fazer isso e aquilo, ela nos diz, imperiosa. Como um despertador, está sempre à espreita para lembrar-nos de que somos imperfeitos e, como tal, não podemos ter uma vida sem percalços. E, o pior: fazer-nos ver que as atribulações são em número infinitamente maior que a calmaria.
Não temos senão outra alternativa a não ser empunhar a espada e enfrentar esse touro de olhar sanguinário que insiste em testar nossa capacidade de desviar-se de seus golpes.
O show não pode parar e a platéia está em êxtase, preparando-se para o conflito final. Uma boa parte torce para o touro mas se olharmos bem, haverá um grande número de torcedores pela nossa vitória que virá se conseguirmos nos desviar dos ataques desse que, por vezes, parece ser um gigante.
Assim é a realidade quando olhamos de imediato: um touro enorme, inabalável em sua fúria e capacidade de ataque.
Mas, se olharmos mais a fundo, veremos que o astro principal nessa tourada somos nós, que temos a capacidade de, num segundo, desviarmo-nos de seus golpes e ainda sorrirmos para a platéia com ar confiante de vencedor, que é o que seremos afinal.
Não importa quão dura ela pareça. Sempre haverá uma forma de sairmos vencedores e ganharmos as rosas da vitória, aos gritos de BRAVO!.